Mais dois jovens do Brasil para a Europa

Fabrício, 15 anos, e Paulo Henrique, 14: preparação bancada pelo Porto e pelo Barcelona para em 2013 jogarem no Exterior .

No campo de terra esburacada, pessoas eram queimadas vivas em pneus até quatro anos atrás, quando o tráfico impunha seu poder na comunidade Cidade de Deus, na zona oeste do Rio de Janeiro. Testemunhas da sombria época dizem que os bandidos exigiam que pelo menos um morador de cada casa assistisse ao espetáculo para que, depois, contassem aos demais, espalhando o medo. Nesse mesmo campo, hoje a bola rola livre nos pés de meninos que treinam futebol na escolinha comandada pelo sargento Orlando Muniz. Ela faz parte do projeto Rio 2016 da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) implantada há três anos na Cidade de Deus. O campinho está irreconhecível: agora tem grades, rede de proteção, grama sintética e traves novas. Melhor de tudo, a presença de traficantes deu lugar às 400 crianças que treinam futebol ali.

Dois garotos já tiraram a sorte grande. Fabrício Gomes, 15 anos, e Paulo Henrique Sena, 14 anos, foram descobertos por olheiros de times europeus e convidados a integrar a base das agremiações. Fabrício no Porto, de Portugal, e Paulo Henrique no Barcelona, da Espanha. Bancados pelos estrangeiros, os atletas mirins estão recebendo apoio psicológico, cuidados nutricionais e preparação física adequada para, no ano que vem, embarcarem rumo a uma carreira fora do Brasil. E, assim, escapar de um provável destino triste. O pai de Fabrício foi assassinado pelo tráfico e ele não tem contato com a mãe, que é dependente de drogas. Caladão, guarda seu sorriso para ocasiões especiais, como quando conta que deverá ir a Portugal até o fim deste ano para começar a se familiarizar com o futuro time. “Ainda não sei nada do Porto”, sorri. O treinador Muniz elogia o jovem lateral esquerdo: “Joga de cabeça erguida, como os grandes craques.”

Franzino, Paulo Henrique é mais novo, porém já tem alguma experiência. O atacante disputou um torneio internacional na China, em julho. Agora, quer aprender inglês e espanhol e jogar como seu ídolo, o argentino Lionel Messi, atacante do Barcelona, para onde ele irá. “O representante do time me liga todo dia para falar do Paulo”, conta o treinador Muniz. Testemunha da virada social da favela, ele lembra que no início as pessoas diziam aos alunos que eles entrariam numa lista negra e, depois que as UPPs saíssem, seriam mortos. Felizmente, o desfecho é o oposto. “O esporte é um dos fatores mais positivos que ajudaram a aproximação da comunidade com policiais”, diz o major Xavier, responsável pela UPP.

Fonte: IstoÉ
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Autor: Olheiro PT

Especialista em Prospecção

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